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• COMUNICAÇÕES EM SIMPÓSIOS • MINICURSOS • 

QUANDO /

12, 13 E 14

DE JUNHO

DE 2019

ONDE /

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - CH1 BENFICA

SOBRE O COLÓQUIO /

Nosso protagonista é extemporâneo e heterotópico, porque surfa nas ondas do tempo e dos espaços sem se prender a uma época e a um lugar. É certo que já houve um tempo em que, de tão solicitado, deram às artes e aos fatos históricos seu nome. Há tempos ele anda por aí pregando seus sortilégios pela boca de trovadores, poetas, filósofos, místicos e loucos. Há quem o defina como faca de dois gumes, mas também há quem o compreenda como princípio de vida e morte. Se para alguns ele não passa de o mais terrível sentimento, para outros o que ele deseja é somente a libertação. Muitos tentaram encarcerá-lo numa definição, mas, na qualidade de um deus alado e com a aljava repleta de flechas, ele nunca se deixa aprisionar pelos humanos. Ao contrário, é um capturador nato. Figurinha fácil nos livros sagrados, nos consultórios médicos, nas literaturas, nos livros de história, seu nome poderia ser revolução, mas ele ousa chamar-se Amor.

            O que pode o Amor em tempo de cólera? Por que seu reinado não cessa, ainda que quem o discuta e o vivencie atualmente seja acusado de brega? Ao definir o Amor como “bandido cachorro trem”, Drummond estava descambando para a breguice? Os feminicidas quase sempre justificam seus atos bárbaros pendurando-os na conta do Amor; mas os que sofrem no corpo as máculas perpetradas em nome da paixão e do desejo, dizem que “não era amor, era cilada”. É certo que por ele se mata e se morre, e que quem ama tudo suporta? Em tempos de lutas políticas nas quais homens e mulheres (cisgêneros, transgêneros, binários ou não-binários) precisam afirmar e reafirmar que o Amor, em suas múltiplas e permanentemente reinventadas formas desejantes, não aceita limites e regras que não sejam as dele próprio, falar sobre o Amor é uma exigência. Quando o fanatismo e o fundamentalismo aguçam atos e falas apaixonadas em defesa das próprias ideologias em detrimento das ideologias dos outros, realizar um simpósio sobre o Amor, não para louvá-lo, mas para discutir suas facetas e suas narrativas em diferentes tempos históricos, como no Banquete de Platão, mais do que uma necessidade, é um modo de resistir. Estratégico por excelência, o Amor é um ato político, sobretudo em tempos em que, parodiando Nelson Rodrigues, “todo Amor será castigado”, menos a forma de amar considerada válida pelos pregadores da moral e dos bons costumes.

            É com o olhar plural que o colóquio Amor, língua de Eros convoca alunos e professores, pesquisadores das humanidades, a participar do evento promovido pelos Programas de Pós-Graduação em Letras e de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal do Ceará, que se realizará nos dias 12, 13 e 14 de junho de 2019. O intuito do colóquio é que seja uma resistência, falando de Amor, esse tirano que Safo denominou de doceamargo.

O colóquio terá um perfil interdisciplinar, será composto por mesas-redondas, com palestrantes de diversas áreas reunidos em torno do tema, e simpósios nos quais comunicadores discutirão o amor sob a perspectiva das narrativas, das políticas, das imagens e dos mitos.

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