SIMPÓSIOS
1. O amor em narrativas
(Coordenadores: Marcelo Peloggio e Martine Kunz)
Análises das diferentes formas de representação, explicação, prescrição, teorização, ressignificação sobre as ideias e práticas amorosas, realizadas por meio de narrativas na arte, ciência, imprensa, discursos religiosos, cultura popular etc, e suas interseções, a partir de sua relação com o tempo e espaços de produção específicas.
2. Políticas do amor
(Coordenadores: Ana Rita Fonteles Duarte e Yuri Brunello)
Problematização do amor como campo de disputas e batalhas na construção de discursos e práticas que buscam ordenar e gerir a vida, o desejo, definindo modelos a serem seguidos ou alijados, adoecidos e/ou medicalizados. Os discursos sobre o amor mobilizados na construção, manutenção ou ruptura de relações de poder. O amor como objeto de movimentos de luta e existência/resistência.
3. O amor e as imagens
(Coordenadores: Gabriela Reinaldo e José Leite Júnior)
Reflexões sobre a construção imagética em torno do amor em diferentes suportes e recursos narrativos literários, cinematográficos, publicitários, científicos, artísticos, performativos. Como as imagens buscam criar e recriar, reforçar e provocar fissuras naquilo que se diz e se faz do que se chama amor? Os imaginários amorosos alimentados, perturbados e reconfigurados a partir das representações imagéticas.
4. Mitos do amor
(Coordenadores: Orlando Luiz de Araújo e Júlio Bastoni)
Investigação dos mitos da cultura clássica à contemporaneidade que inserem o amor como protagonista de sortilégios e estigmas, paixões e violência, vida e morte. Eros, Cupido, Logunedé, Rudá…cada cultura tem um jeito próprio de nomear, personificar e narrar as peripécias do amor, geralmente divinizando-o. Qual a hermenêutica dessas representações míticas? Por que tais mitos são ressignificados pela filosofia, história, psicanálise, teologia e literatura?
minicursos
A inscrição em minicursos ocorre presencialmente, no próprio dia de credenciamento no evento, 12/06.
Confira abaixo os minicursos disponíveis.
MINICURSO 1 – AUTENTICIDADE E AMOR NAS CANÇÕES AUTOBIOGRÁFICAS DO "REI"
Roberto Carlos, a partir de 1969, com As Flores do Jardim da Nossa Casa, feita por ocasião do filho que nasceu cego, passou a apresentar-se como um narrador de diversas experiências de amor na sua trajetória. Com canções autobiográficas sobre o amor pelos pais e sua infância, para sua cidade natal, para o amigo/parceiro, para a saudade dos velhos tempos de Jovem Guarda, para seus fãs, o sucesso e o palco, e, claro para suas amadas. Debateremos como diversos sujeitos lidaram com tais músicas, como tempo e narrativa relacionaram-se no romantismo “robertocarleano” que criava a crença na autenticidade de sua figura e sua obra.
Ministrante: Prof. Dr. Edmilson Alves Maia Júnior (Professor do Curso de História da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central-Quixadá/CE).
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8712452174688333
MINICURSO 2 – “SÃO TANTAS EMOÇÕES”: OS SENTIDOS DO AMOR NA ANTROPOLOGIA
Seria o amor um sentimento natural e universal? E as emoções? Seriam elas um fenômeno individual e singular? Para responder a essas questões, a chamada antropologia das emoções problematiza a dimensão emocional da experiência humana, refletindo sobre em que medida as emoções são construídas pela sociedade e pela cultura.
Dando enfoque ao amor, o presente minicurso se propõe a discutir como as emoções servem de símbolos na construção da subjetividade e como tal construção pode ser política, além de estar relacionada a um tempo e a um espaço determinados.
Objetivos educacionais:
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Diferenciar o conceito de cultura para o senso comum e para a antropologia;
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Identificar a fluidez entre as fronteiras que separam os pares de oposição natureza x cultura, indivíduo x sociedade e racional x emocional;
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Reconhecer o amor como uma emoção socialmente construída.
BIBLIOGRAFIA
COELHO, Maria Claudia e REZENDE, Cláudia Barcelos. Antropologia das Emoções. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001
Ministrante: Cláudia Bomfim é Doutora em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ, com mais de 25 anos de experiência no magistério e em pesquisas nos campos da Educação, Teoria Antropológica, Antropologia da Religião, Antropologia das Emoções, Memória e Construção da Identidade. Atualmente atua como como tutora de apoio ao professor na Fundação CECIERJ, como professora colaboradora na Fundação Cesgranrio-RJ e é professora e coordenadora pedagógica dos programas de educação executiva da Fundação Getulio Vargas.
Possui uma Monção de Louvor e Reconhecimento pela contribuição para o desenvolvimento e disseminação dos aspectos socioculturais da etnia cigana na cidade do Rio de Janeiro, conferida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
MINICURSO 3 – ONDE ELA NÃO ESTÁ: DA ESCRITURA LUTUOSA, OU COMO O AMOR SE INSCREVE NA FALTA
Este minicurso propõe o estudo de relações entre o amor e o luto, entendendo este último como uma forma desdobrada do amor, o qual passa a se alimentar da falta que sofre. Em tal situação, alguns amorosos enlutados dispõem-se a, no sopesar de sua dor, ousar tentativas de constituição de objetos artísticos – ainda que o resultado dessa ânsia por vezes se mostre fragmentado, estilhaçado. Retomando, portanto, a discussão histórica da perda de um objeto de desejo por parte dos sujeitos enlutados, nosso curso busca solicitar leituras de Barthes, passando pelas ideias paradigmáticas de Freud, a fim de refletir sobre o processo da perda amorosa também como um processo de busca – não necessariamente um processo de cura ou de superação de uma ligação afetiva, mas um de convivência com o espectro do amor, em que o ser enlutado está às voltas com uma vida assombrada pela presença de uma ausência. Fundada no luto, essa busca amorosa acaba por se mostrar também uma busca pela própria escritura (entendida como um dos objetos artísticos já referenciados anteriormente). Esse processo pode ser observado, por exemplo, no Diário de luto (2011) de Barthes, que dará o mote do curso, ao longo do qual perseguiremos pelas veredas de textos teóricos, críticos e literários as pistas de que uma espécie de escritura muito própria nasça a partir da experiência da perda de um ser amado.
Dedicaremos o primeiro dia do minicurso à leitura de trechos do Diário de luto e à exploração de algumas das questões ali levantadas em textos teóricos, ou filosófico-ensaísticos fundamentais. No segundo dia, haverá o mergulho em textos poéticos que acreditamos indiciadores de alguns processos da busca amorosa nas escritas cindidas por essa tensão de ausência-presença do ser amado e falecido. Deste modo, o minicurso ofertará a seus participantes, no primeiro dia, arcabouço crítico para a discussão sobre o luto e a literatura, para então, em encontro subsequente, dedicarmo-nos à análise de textos e à partilha de impressões de leitura, promovendo a circulação das inquietações advindas de poemas e relatos poéticos que tratem sobre vínculos entre morte e amor. Assim, este minicurso propõe a reflexão acerca das presenças fantasmagóricas que dão alimento ao sujeito do amor, inserindo nessa articulação o processo de escrita desejosa em meio à dor do luto.
BIBLIOGRAFIA
ADE, Wernmei Yong. Mourning Diary: love’s work. Textual Practice, v. 30, n. 2, p. 345-362. Disponível em: <http://dx/doi.org/10.1080/0950236X.2016.1129739>. Acesso em: 11 abr. 2019.
ARIÈS, Philippe. História da morte no ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Tradução de Priscila Viana de Siqueira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
BARTHES, Roland. A câmara clara. Tradução de Manuela Torres. Lisboa: Edições 70, 1989.
______. A preparação do romance I: da vida à obra – notas de cursos de seminários no Collège de France, 1978-1979. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2005a, v. 1.
______. A preparação do romance II: a obra como vontade – notas de curso no Collège de France, 1979-1980. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2005b, v. 2.
______. Diário de luto: 26 de outubro de 1977 – 15 de setembro de 1979. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
BLANCHOT, Maurice. Le regard d'Orphée. In: _____. L'espace littéraire. Paris: Gallimard, 1955.
COMPAGNON, Antoine. Écrire le deuil. Acta fabula, v. 14, n 2 « Let's Proust again! ». fev 2013. Disponível em <http://www.fabula.org/revue/document7574.php>. Acesso em: 09 abr. 2019.
DANTE ALIGHIERI. A divina comédia. 3. ed. Tradução de Italo Eugenio Mauro. São Paulo: Editora 34, 2016.
______. Vida nova. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1966.
DERRIDA, Jacques. The work of mourning. Edited by Pascale-Anne Brault and Michael Naas. Chicago: The University of Chicago Press, 2001.
FREUD, Sigmund. Luto e melancolia. In:______. Introdução ao narcisismo: ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 171-194.
GLAUDES, Pierre; RABATÉ, Dominique. (orgs). Deuil et littérature. Pessac: Presses Universitaires de Bordeaux, 2005. (Col. Modernités n. 21)
KRISTEVA, Julia. Sol negro: depressão e melancolia. 2. ed. Tradução de Carlota Gomes. Rio de Janeiro: Rocco, 1989.
ZUBLENA, Paolo. Qualcosa di opaco. Barthes, il lutto e la scrittura. Il Verri, 2015. Disponível em: <https://www.academia.edu/35399708/Qualcosa_di_opaco._Barthes_il_lutto_e_la_scrittura>. Acesso em: 11 abr. 2019.
Ministrantes: Me. Priscila Pesce de Oliveira (aluna de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará) e Me. Bárbara Costa Ribeiro (aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará).